Apontamentos

Uma Nota sobre a ‘Market Cap’ de Criptomoedas

Um amigo especulador de fim de semana comentou em um grupo que a capitalização total de criptomoedas (market cap, no vernáculo financeiro) alcançou o recorde global de US$ 2,65 trilhões. Segundo meu amigo, BTC só se compra. Se vender, é para recomprar depois de uma queda. Entendo que ele está convicto de que a bitcoin jamais perderá valor, exceto temporariamente, em ajustes de mercado que ele saberá aproveitar.

Pode ser que o valor das criptomoedas — ou de algumas delas —, suba para sempre, e acima da inflação dos preços das coisas reais, denominados em moedas à moda antiga. Mas eu acho que não, por várias razões, uma delas ligada exatamente ao problema de sua valuation (aqui de novo em financês) – ou valoração.

Meu amigo e muitos outros confundem os nomes das coisas com as coisas. Market cap, valuation, etc. não significam o mesmo para bitcoins e para ações da Petrobras. O preço de mercado de ativos com lastro no mundo real — como a Petrobras — é, em última instância, uma representação combinada do valor imediato desses ativos (tanto físicos e como intangíveis: conhecimento e informação, capacidade organizacional, etc.) com o valor atribuído à expectativa de seu retorno/produtividade no futuro. E o mercado chega a esse preço pelo confronto dinâmico e continuado da oferta com a demanda por esses ativos, ambas sendo funções das percepções dos agentes sobre as avaliações que apontei acima. Em cripto, a demanda é apenas expectativa sobre a própria demanda, nada mais. A valoração é circular e apoiada no ar. É por isso que se diz que são ativos sem lastro. É um esquema Ponzi de cabo a rabo.

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