Quem visita os países do antigo bloco comunista na Europa não deixa de se impressionar com a semelhança de vários de seus bairros residenciais com as superquadras de Brasília, com a UNB, com a UFRJ. Os caixotes de concreto que dominam nossa capital não têm esse aspecto embrutecido e deprimente por acaso. Sua arquitetura — e o urbanismo das superquadras — são espelhos do que se fazia naquela época, do lado de lá da Cortina de Ferro. Na União Soviética e em seus satélites, cidades inteiras foram erguidas sob a mesma concepção opressora. Os blocos residenciais que dominam as áreas assim urbanizadas têm até um nome, Khrushchyovkas, em ‘homenagem’ a Nikita Khrushchev, que era primeiro-secretário do Partido Comunista quando essa urbanização medonha se expandiu.
Hoje, passado muito tempo, alguns tentam nos convencer de que não havia uma ameaça comunista no Brasil. Estávamos no auge da Guerra Fria, o comunismo ameaçava o mundo inteiro, mas o Brasil, não. Nada com que se preocupar. Havíamos acabado de erguer uma nova capital inteira à semelhança de um subúrbio de Kiev, mas os comunistas nem se interessavam de infiltrar-se aqui. Não é preciso destacar que muitos dos que propagam essa ideia revisionista tenham sido comunistas naqueles tempos, alguns inclusive com participação ativa nos tristes eventos que se seguiram. A maior parte, no entanto, são só os tolos de cada geração, que ser renovam e multiplicam em todas as épocas.
A propósito, sugiro a leitura de dois artigos que escrevi sobre isso, O Exército Revolucionário de Reserva e Os Gendarmes Involuntários da Revolução.
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