Sob a justificativa de protesto contra a violência policial, cujo ultraje decisivo teria sido a morte de um homem negro por um policial branco, em Minneapolis, em maio de 2020, a organização ativista Black Lives Matter e revolucionários antifa, acompanhados por arruaceiros e saqueadores de ocasião, promoveram longa campanha de depredação e violência em dezenas de cidades nos Estados Unidos. Incêndios, espancamentos e destruição generalizada de patrimônio dominaram o noticiário até as eleições presidenciais, em 3 de novembro, ou pouco depois, quando os principais veículos da grande imprensa americana declararam Joe Biden presidente eleito.
O problema de grupos revolucionários que usam argumentos de justiça social para promover sua agenda política não é novo, mas se agrava continuamente, impulsionado pelo enfraquecimento progressivo da capacidade de conservadores e liberais autênticos de confiar em seus próprios valores e legitimidade. Essa pusilanimidade moral crescente é aproveitada pela esquerda política, que, por meio de diversas estratégias de dominação cultural, tem sido bem sucedida em tornar seus adversários incapazes de reagir.

Nos Estados Unidos, essa tibieza manifestou-se claramente na incapacidade de reagir ao vandalismo generalizado promovido por antifas, Black Lives Matter e outros movimentos violentos. Na Europa, a fraqueza manifesta-se, entre outras formas, na dificuldade em coibir a pregação de radicais islâmicos que incitam abertamente à substituição do liberalismo político e cultural ocidental pela lei islâmica. Independentemente da forma assumida, quando a violência é perpetrada sob as bandeiras de justiça social, luta contra opressão ou qualquer outra justificativa apoiada na suposta superioridade moral dos agressores, a sociedade torna-se incapaz de reagir.
É nesse cenário que o Ocidente vem lentamente escorregando na direção do caos e da ingovernabilidade, debilitado pela pusilanimidade moral promovida por seus próprios inimigos internos, cujo matiz ideológico aponta sempre à esquerda do espectro político. São esses os principais responsáveis pelo longo processo de deslegitimação dos valores que sustentam nossas sociedades e por sua consequente fragilização.
A infantilização dos indivíduos, a fragmentação da sociedade em um mosaico de identidades egoísticas e irreconciliáveis, a submissão da razão ao voluntarismo de agitadores e revolucionários, esses são alguns dos muitos problemas que afligem nossa civilização. Acima de tudo, assola-nos a incapacidade de resistir àqueles que querem destruir nossas sociedades por dentro e reformar a Humanidade segundo suas fantasias utópicas. A maior ameaça existencial que enfrentamos não é externa. É na reforma do próprio Ocidente que estão seu caminho e sua salvação.
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