Em entrevista ao Estadão, o candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, declarou que o deficit da Previdência pode ser sanado com a abertura de concursos públicos, o que geraria arrecadação de contribuições sobre os salários dos novos contratados.
Boulos explicou como funciona seu plano: “Sabe por que a Previdência do serviço público se torna deficitária? Porque não se faz concursos. Porque para a Previdência se equilibrar você tem de ter gente contribuindo, não só gente recebendo. Então você tem mais gente se aposentando, virando inativo para receber na Previdência, e, como não se faz concurso, você tem menos gente contribuindo para a Previdência pública. Fazer concurso é uma forma de arrecadar mais para a Previdência pública e você equilibrar a conta com os inativos. É isso que eu vou fazer.”

A proposta de Guilherme Boulos foi amplamente criticada nas redes sociais, forçando o candidato a publicar um vídeo em que afirma que suas declarações foram tiradas de contexto e apresenta novas explicações. No vídeo, Boulos diz que, no trecho da entrevista que foi tirado de contexto, ele argumenta que “usar o deficit da Previdência municipal como justificativa para não fazer concursos não faz sentido, do ponto de vista contábil, já que os servidores contratados passarão a contribuir também para o fundo de previdência,” para logo em seguida afirmar que “eu não defendo que a forma de equilibrar a Previdência seja através de novas contratações. A maneira como eu me expressei, tirada do contexto da pergunta, pode ter levado a crer nisso, que não é a minha posição.”
Veja as duas declarações no vídeo abaixo, publicado pelo UOL:
O candidato talvez tenha se expressado mal, mas é certo que a solução para o deficit da Previdência (e do desemprego!) está ao alcance de uma canetada. Todos sabemos que o que faltou até hoje foi vontade política das elites, que querem ver os velhinhos definhando.
Para entender o ambicioso plano econômico do Guilherme Boulos, recomendo o romance The Scheme for Full Employment, de Magnus Mills. Nele, Mills descreve um programa de empregos que gera seus próprios empregos, criados por uma frota de vans que circulam para atender a si mesmas.
No romance, o governo coloca as vans para rodar pela cidade, transportando peças de reposição entre as diversas garagens, assim gerando demanda pelas próprias peças e seu transporte. É nada menos do que um perpetuum mobile econômico.
A genialidade de Boulos está em traduzir a fantasia utópica em um plano econômico factível, que tem tudo para dar certo. Se Boulos for eleito, São Paulo experimentará pela primeira vez na história o fim da escassez econômica, inaugurando um nova era para o Brasil e o mundo.
Segue o link para a versão Kindle na Amazon US. Ainda não há tradução em português. Talvez o Boulos possa também contratar uns tradutores.
Inscreva-se em minha newsletter:
Receba artigos sobre política, cultura e sociedade.