A baixa qualidade da educação se reflete claramente no nível do debate público. Neste vídeo, discuto como a agressividade raivosa nas redes sociais ajuda a explicar os problemas do Brasil. Assista aqui:
Transcrição AI:
Oi, pessoal! Hoje eu vou falar sobre como minha timeline no Twitter X se encheu de militantes raivosos que ficaram uivando e xingando contra um vídeo que eu postei sobre Paulo Freire e comentar como isso mostra a dificuldade que é ter um debate com a população mais ampla no Brasil. Recentemente eu publiquei um vídeo sobre Paulo Freire tratando do tema codificação, que é uma técnica que ele usa no sistema de educação dele, e publiquei um link no Twitter e fiz o boost do tweet, aquele promote que dá uma impulsionada no conteúdo. E naturalmente alcançou um monte de gente e veio um monte de gente que nem necessariamente me segue e teve muitos comentários. O vídeo estava no Twitter, no YouTube, mas essa promoção, esse link estava no X. Então a maior parte desses comentários está no X, não está no YouTube. Para quem estiver vendo aqui no YouTube não vai ver isso, tem que seguir minha conta no X. E o interessante é ver como tem tanta gente, tanta gente que comenta sem ler, isso todo mundo já sabe, mas muitos eles sequer comentam o tema, eles simplesmente partem para a agressão, chamam de imbecil, de animal, de qualquer coisa. Porque só porque eu estou discutindo de forma crítica o que para eles é um ídolo ou uma pessoa intocável, no caso Paulo Freire. Então esse pessoal acredita que o Paulo Freire é tipo um salvador da educação, é um ícone que não pode ser discutido e só o fato de eu levantar a discussão sobre o tema, e eu não sou o único, já leva algumas pessoas a ficar alucinadas. Os caras, você vê, parece que eles estão babando pelo canto da boca. E isso é interessante porque mostra como é possível, como a gente consegue ter um diálogo com uma pessoa que se comporta dessa forma. Como é possível convencer esse cara a refletir sobre qualquer proposta, sobre qualquer argumento, sobre qualquer ideia. O cara pode ser, sei lá, petista, pode ser pisolista, no caso não apareceu nenhum do lado do Bolsonaro para fazer esse tipo de confusão, mas imagino que deve ter uns caras também que em outros posts estão fazendo isso. Agora, como você consegue discutir racionalmente com um cara que o argumento dele é xingar simplesmente porque você está falando contra alguma coisa em que ele acredita. Agora, além desses caras mais raivosos, tem um monte de outros caras mais contidos, que também vêm com alguns comentários que não têm pena em cabeça. Quer dizer, na cabeça deles, o cara está fazendo um argumento super genial, mas, por exemplo, muitos argumentos eram assim, muitos caras criticando, dizendo que eu sou um Zé Ninguém e que o Paulo Freire é um cara conhecido mundialmente, ou que recebeu, sei lá, quantas honrarias ou aplausos. Ok, então se o cara é conhecido mundialmente, não precisa mais criticar. Todo mundo que é conhecido mundialmente está certo. Quer dizer, o sujeito pode fazer o que quiser, ele está certo, só por ser conhecido. Quer dizer, é um argumento estúpido, nem argumento de autoridade isso é, porque argumento de autoridade é uma falácia em argumentação, em debates. Mas nem isso é o caso. Um outro sujeito veio falar assim, como é que você está criticando o cara, é o patrono da educação. O que esse sujeito pensa? Patrono da educação é o quê? É o cara que inventou a educação? É o dono da educação? Não, o patrono da educação é um título que foi dado a Paulo Freire postumamente por decreto no período da Dilma, a pedido do PT, acho que foi da Erundina, não sei, não lembro bem. E é um título que foi conferido justamente para ajudar a canonizar o cara como o símbolo da educação no Brasil. Quer dizer, o Paulo Freire ser patrono da educação é uma ação política deliberada para consagrar o sujeito na mente popular e justamente diminuir a possibilidade de debate crítico a ele. Porque agora vem um sujeito de novo, você está atacando o patrono da educação. Como é que é isso, cara? Isso não é argumento. E tem muitas coisas nessa linha. Então, outros argumentos completamente fora do tema, como eu disse, o meu vídeo falava sobre a técnica de codificação, que é uma das várias técnicas e ideias que ele teve. Não é um vídeo sobre método PauloFreire. E aí os caras, não, mas o método nunca foi aplicado, mas não sei o que, você não sabe se está falando bobagem, está dizendo que a educação foi destruída por causa do método, eu não estou falando nada disso. Inclusive eu tenho um vídeo falando sobre método, que existiu sim um método Paulo Freire, muita gente, os caras dizendo que não tem, outros dizendo que tem, existiu o método Paulo Freire. O método Paulo Freire teve aplicação limitada e o que interessa em Paulo Freire não é seu método, é o sistema como um todo, o conjunto de ideias que ele propôs. E isso teve sim e tem influência na mente das pessoas, nos professores, nas universidades, tem influência, porque senão é uma contradição dizer que o cara é conhecido mundialmente, que ele é aclamado, mas que ninguém usa, que o ignora, não, ele é utilizado, não como método, não seu método, mas suas ideias são muito difundidas e muito absorvidas. Então o cara vem, ouviu o vídeo, alguns eu vi que viram o vídeo, porque eles faziam alguns comentários, eu sei que mostravam que viram o vídeo, mas o cara comenta com um negócio que não tem nada a ver com o vídeo, quer dizer, o cara só quer ser contra, ele discorda. Em princípio, a priori, ele discorda. E aí ele vem e dá um argumento qualquer, lateral, que é a única coisa que ele sabe para tentar negar ou rejeitar as minhas teses ou meus argumentos. E a outra coisa, a maior parte dos caras que comentam, e isso em todos os temas, os caras não conhecem o tema, o cara fala de ouvir falar, fala que aprendeu ali no boteco, na escolinha, aprendeu no, sei lá, o professor falou para ele na aula quando ele era adolescente, e aí o cara acha que aquilo ali é o que ele precisa saber. Tudo bem, você não precisa estudar todos os temas, não precisa saber tudo que existe no mundo, é impossível. Agora, o sujeito, eu pesquiso esse negócio há anos, eu posso estar errado sobre alguma coisa, posso dar certo sobre outras coisas, a minha opinião pode, um sujeito pode achar que a minha opinião é completamente absurda, o outro pode concordar, não importa isso. Agora, um sujeito que sequer deve ter lido qualquer coisa, senão um artigo ali do folhetim dele, lá do Brasil 247, enaltecendo o cara, aí os caras têm, acham que vêm me chamar, ah, você é um ignorante, você não sabe nada. Então, o que isso mostra sobre um problema maior? Na verdade, dois problemas: o problema da educação, que isso é um problema de falta de educação, não no sentido de o cara ser mal educado, como a gente diz, mas no sentido de o cara não ter capacidade crítica, capacidade de analisar, pensar, contestar, o cara simplesmente vem com um chavão, e isso é aquilo, e quem não concorda, ele não sabe nem por que ele tem as ideias que tem. Agora, quem não concorda com ele é um imbecil, um animal, caramba. Eu não tenho objeção, o cara vir me trollar, o cara vem dar uma zoada, fala uma coisa e tal, tudo bem, aí eu respondo também, dou uma trollada de volta com bom humor e tudo bem, não tem problema. Agora, o que nem me incomoda, me preocupa, é ver a quantidade de gente, na verdade, eu acho que é quase a maioria dos comentários, são pessoas que vêm rejeitar aquela tese ou sem sequer perder o tempo de ver o que eu estou dizendo, e quando fazem isso, não contestam a tese, eles simplesmente atacam, agridem ou dizem, ou fazem uma defesa que não tem qualquer conexão com os argumentos que eu estou apresentando. Isso mostra uma deficiência educacional, não necessariamente ligada a nada que Paulo Freire fez, provavelmente em alguma medida, vários desses casos sim, porque o cara foi influenciado na escola pelo professor militante, caramba. Agora, é uma deficiência de capacidade crítica, e não capacidade crítica, de pensamento crítico, no sentido que o Freire queria, que era transformar o cara em militante progressista. Muitos, no caso, são isso, mas é capacidade crítica, é capacidade de olhar para o negócio, entender e falar alguma coisa que tenha conexão com o tema. Isso é um problema, isso é um problema em várias dimensões para o país, para a sociedade, porque esses caras, qual o nível de produtividade que esses caras podem alcançar? Qual o nível de competência em suas áreas que esses caras podem alcançar? Qual o nível de capacidade, de qualidade do trabalho que esses caras podem produzir? Se o cara é muito limitado, isso é ruim para a sociedade, é ruim para ele, é ruim para todo mundo. Inclusive, falando em capacidade, um dos caras lá argumentou alguma coisa, e sobre um ponto eu falei, não tenho capacidade de debater esse ponto, é uma coisa que eu não conhecia. Aí vem outro dizendo, tá vendo, é tudo que eu preciso saber. Aí cortou assim, botou,não tenho capacidade. Cara, o cara é um retardado, é isso. Agora, além do problema educacional, do nível de desenvolvimento intelectual que esse pessoal tem, tem um outro problema. O problema do debate público, o problema político, o problema de para onde o país vai. Como é que a gente vai conseguir, por exemplo, convencer determinado segmento da sociedade de que determinadas políticas são boas ou são ruins? Os caras claramente são incapazes, e aqui eu falo de todos os lados. No caso, o que veio para a minha conta veio tudo é petista, psilista, essa coisa. Agora, para todos os lados, muita gente em todos os setores é incapaz de compreender um argumento básico, é incapaz sequer de saber do que eu estou falando. Eu acho que aqui eu até posso fazer uma referência a um vídeo que eu fiz recentemente sobre analfabetismo funcional. Inclusive em nível universitário, o cara não entende nada do que lê, do que ouve, do que os caras não compreendem. Então, como é possível ter um debate público que alcance as massas, que alcance a grande maioria da população e que permita realmente apresentar propostas para o país, propostas em economia, em saúde, em educação, em outros temas, em infraestrutura. Como é que você vai explicar necessidades de infraestrutura? Ou falar sobre o sistema financeiro para o cara que vai ficar falando capitalismo, capitalismo, capitalismo é impossível. Então, isso torna praticamente impossível ter um debate público de qualidade que alcance a população. Aí o que acontece? Você tem o cara que, por exemplo, o PT, a esquerda, alcança esses sujeitos. Reforçando, incentivando essas bandeiras, essas ladainhas. O cara é o opressor e tal, aí o cara não entende. Olha, por que? Não, eu estou duro, eu perdi meu emprego. Ah, foi o opressor. O cara entra nessa, porque é só isso que ele consegue compreender. E aí o pessoal reforça isso, porque isso ajuda a inflamar a militância. Esse pessoal que vem xingar e falar esse monte de asneiras aqui na minha rede, na minha timeline, é o pessoal que é isso. Ele só consegue entender esse negócio meio regurgitado ali, rumilhando um pouquinho. E aí ele vem com esses gritos, essas palavras de ordem. Do outro lado, o que acontece? Você quer defender um sistema que é liberal? Um sistema em que as pessoas têm de competir. Então como é que você vai explicar para o cara? Eu já tentei várias vezes, tem vários vídeos em que eu falo sobre eficiência econômica, sobre qual é a diferença para a sociedade da perspectiva de eficiência entre empresas privadas e empresas estatais. Eu estou tentando falar sobre as coisas, mas como é que você consegue convencer o cara do outro lado se ele está também nesse nível de capacidade intelectual? Você não vai conseguir. Então o que o político populista vai dizer? Está vendo? O outro cara é comunista. O outro cara… Veja bem, eu não quero defender comunista jamais. O comunista tem ideias ruins. Agora, é a única forma de você conseguir convencer o cara a não seguir o comunista é tentar também criar um monte de estereótipos e dizer, olha, o cara é comunista, portanto ele é ruim e tal. Aí o cara entende mais ou menos que o comunismo é ruim, aceita isso, aceita essa ideia geral. E ali, tudo bem, aceitou, pelo menos ele aceitou o comunismo é ruim e está seguindo, está ajudando a puxar o barco para outra direção. Agora, essa massa que é alcançada dessa forma, eles não têm a menor capacidade de realmente compreender os porquês, o que está por trás de cada ideia, quais são as implicações, quais são as consequências de primeira, segunda, terceira ordem de cada proposta. Então, no fim das contas, acaba sendo um debate público que passa a ser um debate que antes era um debate de grande imprensa, cada um defendia o seu lado, depois agora um debate de influencers, mas um debate que sempre é mediado por alguém que, por qualquer razão, defende um determinado conjunto de ideias ou um grupo de poder e transforma isso em uma forma mastigada, em slogans, em ideias que só podem ser aceitas como é isso ou é aquilo. O cara não tem capacidade de compreender, então o cara aceita que Paulo Freire é o salvador da pátria, defensor da educação, que é a liberdade, libertação dos homens, o cara assimilou isso e aí isso passa a ser uma pequena religião para ele. E aí quando você critica, ele fica histérico, vira um bicho e vem xingar. Então, a gente tem um problema. A gente não vai conseguir simplesmente transformaro país elegendo Lula ou Bolsonaro ou Caiado ou Tarcísio, só isso não vai bastar. Tem que ter um processo de refinamento da nossa população. população. A gente tem que conseguir levantar esse pessoal um pouco. Porque do jeito que estão as coisas, é impossível. Eu não consigo entender até hoje como um cara como o Fernando Henrique conseguiu ter o segundo mandato. O primeiro eu entendo. Porque o Fernando Henrique foi o pai do real e conseguiu resolver um problema financeiro, econômico, que assolava todo mundo por muito tempo. Mas o segundo mandato eu já acho que é como é que você explica que é um cara sofisticado demais para alcançar esse pessoal. Realmente o poder do real deve ter sido… foi gigantesco. Agora, saindo disso um pouco, você elevar um pouco o debate, você não alcança mais ninguém. Então, por isso o debate é esse debate rasteiro que a gente vê hoje em dia. Porque é só isso que é possível distribuir para a massa da população. Então, novamente, eu acho que se eleger PT de novo é ruim. Vai ser mais tempo perdido. Agora, se eleger outro grupo, também não vai ser a solução. A solução depende de, como eu disse:
- Refinar a população.
- Elevar o nível do pessoal.
- Tornar os indivíduos mais ilustrados, mais sofisticados, mais desenvolvidos, melhor educados, mais capazes, mais produtivos. Só isso já muda a perspectiva que as pessoas têm a respeito das propostas que são apresentadas, do que está no debate público. Isso, para mim, já resolveria grande parte dos problemas do país. Porque as pessoas começariam a enxergar as coisas. E hoje é um bando de cego tapado. Muito bem. Espero que tenham tido paciência de ouvir até aqui. Foi um meio rant, meio contribuição para o debate. E espero ver vocês em breve, quando eu publicar novos vídeos. Um abraço.
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