A Ministra Simone Tebet, do Planejamento, declarou à GloboNews, conforme matéria replicada no Valor Econômico, que em 2027, o próximo Presidente da República, quem quer que seja, não conseguirá governar o país com o atual arcabouço fiscal sem gerar inflação, dívida e “detonar” a economia. Em outras palavras, sem as devidas reformas, o Brasil se tornará ingovernável — nenhum presidente conseguirá governar sem causar inflação e detonar a economia. Contrastemos isso com uma reportagem da Folha de São Paulo sobre a vida de pessoas que não conseguem comprar comida. Na casa de Lonara, a carne vermelha deixou de ser um alimento diário há cerca de seis meses, quando o preço disparou além de seu orçamento. Hoje, em dois ou três dias da semana, ela e os filhos se alimentam somente de arroz e feijão. A matéria continua relatando as estratégias de Lonara: – Uma delas é usar carcaça de frango, que não é vendida em supermercados, mas pode ser encontrada em granjas do bairro. Com isso, ela prepara sopa. – Outra é aproveitar a espinha de porco, e assim por diante. Não tem picanha, tudo bem, foi uma promessa de campanha, entendemos. O café está caro, então as pessoas diluem — há várias reportagens ensinando como reutilizar o pó. Os ovos estão caros, e já vi até reportagem ensinando como aproveitar pé de galinha para fazer sopa. Claro, podem dizer que os tempos estão difíceis, que o cenário internacional é complexo — há sempre uma justificativa para explicar a inflação e o descontrole da situação. Mas o mais grave é que a ministra afirma que haverá uma janela de oportunidade para resolver o problema entre novembro e dezembro de 2026. Isto é, eles conhecem o problema e sabem a solução, mas só pretendem agir — ou ela só considera possível agir — em novembro e dezembro de 2026, após as eleições. Até lá, mesmo sabendo que o país se tornará ingovernável e que será impossível administrá-lo sem prejudicar a economia, segundo suas próprias palavras, nada será feito. Eleição em primeiro lugar, as consequências ficam para depois. É inacreditável, não é?
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